
Marta Scott é uma mulher inteligente, culta, extremamente sociável e desinibida. Alta, elegante e de tez morena, fruto de uma herança genética diversa. Nascida em Lisboa em 1987, seu pai, um diretor hoteleiro norte-americano, viveu expatriado em Portugal nos anos 80, enquanto diretor de operações de uma cadeia hoteleira multinacional norte-americana. Sua mãe, portuguesa e mulata, era rececionista num dos hotéis do grupo, onde conheceu aquele que viria a ser o seu marido.
Após o término do contrato de expatriação, o Sr. Scott retornou aos Estados Unidos, levando consigo a esposa e a pequena Marta, que ainda não tinha completado dois anos de idade. Marta cresceu e estudou nos Estados Unidos, onde falava português em casa, com a mãe, e inglês com toda a gente, tornando-se bilíngue.
Regresso a Portugal
Após concluir sua formação em marketing e ter trabalha durante quatro anos numa empresa de retalho em Houston, Marta decidiu voltar a Portugal para conhecer melhor o (seu) país e a sua cultura. Em 2015, aos 28 anos, mudou-se para Portugal, alugando um pequeno apartamento em Queluz. Independente e orgulhosa, Marta encontrou rapidamente emprego numa organização do setor de energia em Lisboa.A empresa
A empresa, apesar de multinacional e de ter resultados muito interessantes, tinha um quadro de pessoal muito envelhecido e uma cultura que tinha parado nos anos 90. O choque cultural foi grande, mas Marta superou a barreira. Começou como técnica de marketing e rapidamente foi promovida a coordenadora de uma equipa de marketing estratégico. Apesar de competente e verdadeiramente boa líder, a sua ascensão gerou desconforto, devido aos boatos de um pretenso envolvimento amoroso com o diretor do departamento, Francisco Mello Rosa.O chefe
Francisco, diretor de marketing, era um profissional de 41 anos com uma carreira invejável. Promovido a diretor aos 34, revolucionou o marketing da organização com resultados excelentes. Francisco e Marta entenderam-se desde o primeiro minuto; logo após a entrevista de emprego, ainda ela não tinha deixado o edifício, já ele a estava a chamar para lhe oferecer a posição.A relação entre Marta e Francisco
Os olhares cúmplices, conversas pelos cantos com sorrisos envergonhados, reuniões à porta fechada, almoços diários e muitas viagens juntos não passaram despercebidos. No jantar de Natal da empresa, sentaram-se lado a lado e, após algumas bebidas, os toques e o à-vontade entre ambos foram reveladores. Acontece que Francisco era casado e tinha quatro filhos; o que, face a este romance extraconjugal, não ajudava sua popularidade na organização. Certo dia, os seguranças da empresa mostraram ao diretor de segurança uma gravação da garagem, onde Francisco e Marta entravam no carro dele e, após alguns solavancos, Marta saía, vestindo-se. O diretor de segurança levou o caso à diretora de recursos humanos e ao presidente, que decidiram abrir um processo disciplinar, procurando que fosse discreto. A notícia espalhou-se rapidamente e Marta teve de deixar a empresa no imediato.As consequências
Marta, envergonhada, desapareceu das redes sociais e nunca mais foi vista por lisboa. Há rumores de que voltou aos Estados Unidos; embora alguém tivesse jurado vê-la certo dia em Londres, no Reino Unido. A vida de Francisco tornou-se insuportável na organização e em casa. Um par de meses após o sucedido, deixou a empresa e foi trabalhar em Moçambique, numa grande multinacional; enquanto a sua família permaneceu em Portugal.O que podemos tirar desta estória?
Relações íntimas no trabalho são comuns, mas podem trazer desafios. Estudos demonstram que esses relacionamentos podem aumentar a felicidade e reduzir o absentismo, mas é crucial manter fronteiras muito bem definidas. Quando estas relações ocorrem entre chefia e subordinado – e/ou em áreas diretamente relacionadas – podem surgir conflitos de interesse, os quais poderão prejudicar gravemente a organização e, consequentemente, todas as pessoas que lá trabalham. Algumas organizações proíbem a coexistência de familiares no local de trabalho, mas, muitas vezes, esses relacionamentos só acontecem quando ambos se conhecem na empresa. Proibir essas situações é correto? Como gerir os potenciais conflitos de interesse? Não há resposta única, cada caso deve ser avaliado individualmente, com muito bom-senso.
Pedro Branco
Executive Headhunter
Especialista em recrutamento de alto nível, gestão de talentos e desenvolvimento de carreira, é dedicado a potenciar pessoas, equipas e organizações através de estratégias inovadoras de desenvolvimento de talento e liderança.
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3 de Novembro, 2024